terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Fiação aérea, uma praga manauara ?

  Centro de Manaus - não há "gato"nesta foto .
A praga urbana da fiação aérea ocorre em muitas cidades ,em especial aquelas subdesenvolvidas, mas em Manaus ela tem assumido a especial dimensão de uma epidemia fora de controle que se alastra e se agiganta a cada dia.

Isso porque mais e mais empresas passaram a utilizar o mesmo poste que inicialmente foi dimensionado para a energia elétrica e a telefonia : o tempo, o aumento da demanda  e o avanço de oferta de serviços trouxe o cabo das TV's por assinatura, as sucessivas expansões de redes de telefonia e mais um emaranhado de fios que se superpõem, cruzam as ruas e avenidas em várias direções.

Esse verdadeiro cipoal de fios e chicotes de diferentes espessuras, cruzetas de suporte, módulos de controle e até centros de medição instalados sem um mínimo critério estético - se é que seria possível tornar estes arranjos esteticamente aceitáveis - criam uma paisagem que se aproxima daquilo que se convencionou chamar na linguagem popular de  "uma visão do inferno".

Av. Eduardo Ribeiro e o   Palácio do Comércio.

Esse pragmatismo, de viés meramente tecnicista, que preside a instalação e operação destas redes públicas, não poupa nem nossas principais avenidas, ou mesmo a área mais nobre do Centro Histórico como pode ser observado nas fotos-denuncia postadas aqui , de autoria do talentoso artista visual Charlle's Marcley, onde duas delas registram nada mais nada menos do que a avenida Eduardo Ribeiro !

A má notícia é que essa desqualificação urbana  infelizmente não tem data para acabar. As empresas que gerenciam o parque de fornecimento de energia da Cidade de Manaus não incentivam a implantação de novas redes subterrâneas e não mostram qualquer interesse em faze-lo nas áreas já consolidadas da cidade.

Mesmo empreendedores privados que querem criar novos bairros ou condomínios com o atributo civilizado das redes subterrâneas tem seus empreendimentos onerados pela operadora de energia , pois a mesma não recebe essas redes para operar e manter.

Daí surge a seguinte questão: isso condenaria Manaus a ter uma paisagem de terceiro mundo pelo resto dos seus dias ?
É o caos e está sempre piorando ! 

Diante desse quadro, a meu ver, só resta aos verdadeiros cidadãos, aos formadores de opinião, à imprensa, aos dirigentes públicos comprometidos com um futuro melhor para esta Cidade (com C maiúsculo) pressionar as empresas operadoras dos sistemas em três direções:

Av. Eduardo Ribeiro e edif. Cidade de Manaus


1.Quebrar este paradigma técnico arcáico e passar a aceitar que redes subterraneas sejam incorporadas ao parque público de distribuição, incentivando essas práticas positivas a favor da melhoria gradual de nossa urbanidade.

2.Buscar recursos para a implantação de redes subterreâneas pelo menos nas áreas centrais e nas principais avenidas .

3. Cobrar uma revisão esteticamente aceitável destas redes aéreas existentes que poluem, literalmente, todos os recantos de nossa Cidade.



Sabemos que essas providências são perfeitamente possíveis.
Oxalá tenhamos sucesso !

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Transito, Sustentabilidade e Qualidade de Vida

Com a volta às aulas retomamos a normalidade no transito de Manaus: congestionamento, filas duplas, veículos que se acumulam próximos e na frente das escolas. Esse cenário demonstra o impressionante impacto do transporte escolar individual no transito da nossa querida Cidade de Manaus.

Mas ele apenas revela uma face de um modo de vida que construímos onde a utilização do transporte individual cotidianamente se converteu numa meta coletiva e majoritária.

Vivemos , em Manaus, a era da universalização do transporte individual, alavancada pela melhoria da renda e ampliação de acesso á compra de veículos, e experimentamos somente o início de suas graves consequências na nossa qualidade de vida.

É uma irracionalidade imaginarmos que todos os dias fazemos milhares de viagens de ida e de volta, ao mesmo tempo , levando e trazendo nossos filhos às mesmas escolas, em automóveis, sem que em nenhum momento sequer cogitemos a possibilidade do transporte solidário ou mesmo do transporte escolar coletivo, tão comum no mundo civilizado.

É claro que o transporte escolar individual não é a única anomalia que vivemos no transito em nossa cidade : temos a falta de educação e gentileza, a falta de qualidade no transporte público de massa, a insuficiência qualitativa e quantitativa do sistema viário e outros.

Mas esse cenário é insustentável e não haverá investimentos em sistema viário, transporte público, viadutos, passagens de nível etc que isoladamente possam resolver ,de fato o problema., pois ele é crescente e se mostra de solução cara e de longo prazo.

Daí é que em nossa opinião,na escala do cidadão, precisamos repensar alguns paradigmas de nossas práticas mais prosaicas, para enfrentarmos um futuro pouco promissor de forma mais inteligente e sustentável, como por exemplo:

1. Adotar um bairro para viver, nele concentrando nossas atividades do dia a dia : trabalho, escola das crianças, lazer, academia etc. 
Manaus já permite isso !

2. Priorizar o comércio do nosso bairro, isto distribui renda e oportunidades de negócios, além de economizar tempo e energia em deslocamentos desnecessários. 
Manaus já permite isso !

3. Instituir o transporte solidário  com vizinhos e/ou colegas dos  filhos, ou escolar coletivo se a escola não for no nosso bairro  Isso adotado por todos reduziria pela metade o número de carros em direção às escolas, além das obvias economias de tempo e dinheiro.
Isso é possível , socialmente equilibrado, ambientalmente correto, saudável e o melhor de tudo ainda é exemplo didático aos pequenos !

Essas são pequenas práticas comuns e cotidianas que isoladamente melhoram a qualidade de vida de nossas familias e que ao mesmo tempo convergem na melhoria de vida de todos em nossas cidades.